segunda-feira, 9 de junho de 2008

INTRODUÇÃO À TEOLOGIA



I. A CIÊNCIA TEOLOGICA

1.1 Conceitos

a. Conceito Etimológico

O vocábulo teologia vem dois outros do língua grega, a saber: θεος (teos = Deus) + λογος (logos = palavra, discurso). Sendo assim, etimologicamente, teologia é um discurso a respeito de Deus.

Orfeu e Homero foram chamados de teólogos entre os gregos, porque seus poemas tratavam da natureza dos deuses. Aristóteles classificou as ciências sob os títulos de física (aquela que se ocupa com a natureza), matemática (aquela que se ocupa com os números e da quantidade) e teologia (aquela que se ocupa de Deus).

Os pais da igreja se referiam ao apóstolo João como “o teólogo”, porque em seu evangelho e epístolas a divindade de Cristo se tornou proeminente.

b. Conceito Técnico

A definição de teologia mais comum, especialmente em nossos dias, é de que ela é a ciência da religião. Contudo, a palavra religião é ambígua. Sua etimologia é duvidosa. Cícero faz referência a ela como relegere, revisar novamente, considerar. “Religio é então consideração, observação devota , especialmente do que pertence ao culto e serviço devidos a Deus.

Agostinho e Lactânio derivam a palavra de religare, religar. De acordo isso, religio é a base de obrigação. É aquilo que nos liga a Deus. Subjetivamente, é a necessidade interior de união com Deus.

Esta diversidade de conceitos quanto ao que significa religião basta para provar quão completamente vaga e insatisfatória precisa ser a definição de teologia como “a ciência da religião”. Além disso, essa definição faz a teologia inteiramente independente da Bíblia. Pois como a filosofia moral é a análise de nossa natureza moral, assim a teologia se torna a análise de nossa consciência religiosa, justamente com as verdades que essa análise desenvolve. E mesmo a teologia cristã é análise da consciência religiosa do cristão.

Temos, pois, que restringir a teologia à sua real esfera, como a ciência dos fatos da revelação divina até onde esses fatos dizem respeito à natureza de Deus e à nossa relação com Ele, como suas criaturas, como pecadores e como sujeitos da redenção.

1.2 Métodos de Estudo da Teologia

Toda ciência tem seu próprio método, determinado por sua natureza peculiar. Este métodos são os princípios que devem controlar as investigações científicas. Se uma pessoa adota um falso método, ela é semelhante a alguém que toma uma estrada errada que jamais a levará a seu destino. Os dois grandes métodos abrangentes são o a priori [que parte, em sua argumentação, da causa para o efeito] e o a posteriori [que argumenta a partir do efeito para a causa].

Os métodos que se têm aplicado ao estudo da teologia podem ser reduzidos basicamente a três categorias: a Especulativa, a Mística e a Indutiva.

a. Método Especulativo: Nesse método a especulação decide sobre toda a verdade, ou determina o que é verdadeiro a partir das Elis da mente, ou dos axiomas envolvidos na constituição do princípio imaginativo dentro de nós. Neste método espera-se que o homem creia não na autoridade de Deus, mas na autoridade da razão. Toda a verdade precisa ser descoberta e estabelecida por um processo do pensamento. Caso se admita que a Bíblia contém verdade, que seja até o ponto em que ela coincide com os ensinos da filosofia.

b. Método Místico: Enquanto o processo especulativo busca inteiramente na razão a base de toda sua investigação, argumentação e conclusões, o método místico, em direção diametralmente oposta, entende que devemos entender a Deus e os fatos a Ele atribuídos partindo dos sentimentos. Neste método presume-se que Deus, por sua comunicação imediata com a alma, se revela através das emoções e por meio ou na forma de intuições da divina verdade, independente do ensino externo de Sua Palavra; e é essa luz interior, e não as Escrituras, que devemos seguir; ou, através da consciência e sentimentos religiosos, onde, quando mais profundos e mais puros forem estes, mais clara é a percepção da verdade.

c. Método Indutivo Bíblico: segundo esse método, para chegarmos ao verdadeiro conhecimento de Deus, é essencial que venhamos a aplicar o método de indução como aplicado às ciências naturais, ou seja:

c.1 Assim como o cientista se aproxima do estudo da natureza com determinados pressupostos, o teólogo, semelhantemente, deve iniciar seus estudo teológicos com o mesmo princípio, como por exemplo: Deus existe e Ele se manifestou em Sua Palavra.

c.2 Como o estudante da natureza passa a perceber, reunir e a combinar os fatos, da mesma forma o teólogo deve se propor a os elementos da revelação divina.

c.3 Da mesma forma como o cientista, partindo dos fatos (a posteriori), averiguados e classificados, deduz as leis pelas quais estes são determinados, o teólogo da mesma forma deve ser capaz de perceber as leis que regem os fatos da revelação divina por este mesmo processo de averiguação e classificação. Essa leis ou princípios gerais não derivam da mente e são atribuídos aos objetos externos, mas derivam e deduzem-se dos objetos e são impressos na mente.

Estes passos, portanto, devem ser aplicados à revelação divina. A Bíblia é para o teólogo o que a natureza é para o cientista. Ela é seu depósito de fatos; e o seu método de averiguar o que a Bíblia ensina é o mesmos que o filósofo natural adota para averiguar o que a natureza ensina. Ele se aproxima de sua tarefa com todos os pressupostos acima mencionados.

1.3 Áreas da Teologia

Como ciência, no que concerne aos fatos da natureza, tem suas diversas áreas, como a matemática, a química,a astronomia etc., assim a teologia, tendo os fatos da Escritura por seu tema, tem suas áreas distinta e naturais, são elas:

a. Teologia Propriamente Dita: Inclui todo o ensino referente ao ser e os atributos de Deus; a tríplice personalidade da Deidade; a relação de Deus com o mundo, ou os decretos e suas obras da criação e da providência.

b. Antropologia: Inclui a origem e a natureza do homem; seu estado original e prova; sua queda; a natureza do pecado; o efeito do primeiro pecado de Adão sobre si e sobre sua posteridade.

c. Soteriologia: Inclui o propósito ou plano de Deus em referência a salvação do homem; a pessoa e obra do redentor; a aplicação da redenção de Cristo ao povo de Deus, sua regeneração, justificação e santificação; e os meios de graça.

d. Escatologia: O estudo das doutrinas que dizem respeito ao estado da alma após a morte; a ressurreição; o segundo advento de Cristo; o juízo geral o fim do mundo;o céu e o inferno.

e. Eclesiologia: inclui a idéia, ou natureza da igreja; seus atributos; suas prerrogativas e sua organização.

Além desta classificação podemos nomear algumas outras que as vezes são tidas como sub tópicos da classificação supracitada, são elas.

f. Bibliologia: Estuda a Bíblia como palavra de Deus; a revelação; a inspiração, o processo de canonicidade etc.

g. Hamartologia: Estuda a natureza do pecado; sua extensão na vida dos homens etc.

h. Cristologia: Faz referência a pessoa de Cristo, sua encarnação; seus atributos como ser divino, estados de exaltação e humilhação etc.

i. Pneumatologia: diz respeito a pessoa do Espírito santo como terceira pessoa da Trindade; sua personalidade; seu ministério; seus dons concedidos aos homens, atributos divinos etc.